Escrevo o teu amor

Num dia de sol, em que o céu brilhava num azul de oceano, estava sentado numa esplanada, o perfil do seu corpo recostado contra o assento de palhinha da cadeira, o seu nariz captava os tons de todos os cheiros e os olhos permaneciam tranquilamente encerrados em si próprios. Sentia cada raio de tons dourados a adorar a sua pele, não sabia se havia pessoas à sua volta, talvez soubesse, pelo sussurro distante das suas vozes. As suas mãos pendiam sobre o corpo inerte e um sorriso marcava-lhe a expressão do olhar, lembrava-se de cada palavra que ela lhe dissera, do doce sabor de cada sílaba, de cada vogal, dos contornos do amor a serpentear na sua boca, nunca ninguém lhe dissera algo igual, nunca ninguém o sentira daquela forma, tão intensa, tão apaixonada. As palavras soltas rodopiavam no seu pensamento, nunca pensara que o amor fosse algo fácil, nem sequer próximo, ela fizera-o descobrir esse amor em si e descobrira-o ao alcance de um toque, na proximidade de um beijo, no calor de um silêncio. Sorrira novamente, ajeitando o seu corpo alto na cadeira, queria aprisionar aquele momento, eternizar o paladar de todas as palavras de amor proferidas pela sua voz, de todos os sentires que ela lhe oferecera, sem pedir nada em troca, de cada pensar, de todos os pensares que se abateram sobre o seu peito. Ainda sentia no seu corpo a efervescência do afago, suave como um campo de papoilas que ondula ao ritmo da brisa do vento, a adoçar a sua pele outrora crispada como um mar revolto.
Não sabes quem sou, nem sequer sei quem tu és, estava precisamente sentada ao teu lado, quando te olhei casualmente e captei este momento, vi amor na inércia do teu corpo, no sorriso tranquilo dos teus lábios, agarrei a intensidade do sentimento que estava naquele momento a latejar no todo de ti. E, sem me dizeres, porque nem sequer reparaste em mim e porque os teus lábios limitaram-se ao mutismo de um sorriso, que disse tudo o que a voz não permitiu, escrevi todos os teus sentires, todos os teus pensares e eternizei-os por ti, nesta folha de papel.
xbvdb
dsdhsg
Nota de rodapé
Pediram-me para dedicar este post, dedico-o a todos aqueles que estão, neste preciso momento, a sentirem-se assim.

1 Responses to “Escrevo o teu amor”

  1. # Blogger Sandro

    Quando assumados pelo amor, viramos actores de novela, de sorriso branco imaculado, que nos marca a cara toda.
    Viramos criança que descobre a magia do circo, e que tanto se ri com os palhaços como se assusta pela destreza de um trapezista...
    Quando assumados pelo amor...
    Gosto de te ver "escrever" assim!

    Beijo bom  

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