Lua de poema

Não chega ser-se escritor para se escrever um poema,
não chega ser-se olhar para abraçar todas as estrelas do céu,
não chega ser-se mar para conter todos os sussurros das ondas,
é preciso amar, amar, amar
porque amando todos somos poetas,
porque amando todos temos estrelas nos olhos,
porque amando todos os sussurros das ondas cabem na palma da mão
...e porque para viver, chega amar!


A mesma lua que tentamos tocar hoje em bicos dos pés, é aquela que tocaremos amanhã.

O fim de um amor feliz

Queria tanto que o vosso amor fosse eterno…
Recebi agora um telefonema de uma amiga a dizer que tinha terminado o namoro, cinco anos de partilha, entrega, cumplicidade e tantas coisas mais tinham chegado ao fim, sem razão aparente ou pela razão mais comum que afasta os amantes, expirara o prazo de validade do amor. Arrepiei-me quando me disse que já não andavam, não era oficial, estavam a preparar os amigos mas sobretudo a família, que esta última semana tinha sido muito penosa para ambos, que já não se lembrava de ter chorado tanto como nestes dias que passaram. Perguntei porquê, o porquê da ruptura, não me soube dizer, apenas disse que qualquer coisa morrera dentro de si, que já não era aquele amor que sempre sentira, nestas últimas semanas fechara-se em si própria, tentando limpar a poeira em que se tornara esse sentir e quando foi confrontada, apenas lhe disse que já não sentia em si esse amor…e partiu-lhe o coração. Disse-me que se sentia dividida, entre querer ajudar a superar o seu desespero e estar a alimentar algo que já não existe…pelo menos para si! Quis aliviar a sua culpa, convencê-la que não estava a ser fria, que o seu único pecado fora ter deixado de sentir algo que o outro lado ainda sente intensamente, quis fazê-la acreditar que o tempo sara todas as feridas e vai preenchendo o vazio que fica quando uma relação fracassa.
Sempre achei que eram o casal meu amigo que se dava melhor, nunca os vi a discutir, pelo contrário, ensinaram-me que amor é respeito, é cumplicidade, sempre lhes disse que invejava o seu amor, por ser tão fácil. Por momentos, quase deixei de acreditar no amor por achar que um amor que pensava eterno, findara…mas foi só por momentos, prefiro lembrar-me do vosso amor como um amor feliz.

Círculo Imperfeito

Ainda hoje, a caminho do nada, dei por mim a pensar em tanta coisa, um turbilhão de ideias, de sentires que pesaram-me nos olhos e os carros deixaram de ser carros para serem palavras, as pessoas deixaram de ser pessoas para serem frases, a estrada deixou de ser estrada para ser pensamento. Soltou-se em mim a eterna dúvida, porque será o amor tão difícil, quando se gosta, gosta-se e ponto final mas nunca é ponto final, pois não, no ponto pendura-se um traço e fica uma vírgula, um mas…
Facilmente contaminamos o amor com todos os nossos receios e inseguranças, tornamo-nos míope na expectativa de o desfocarmos e de o perdermos do nosso campo de visão. Abrigamo-nos de um bem-querer que exige de nós o nosso melhor, talvez por nos acharmos indignos de algo tão grandioso, intimidamo-nos pela sensação quase onírica que nos provoca, do permanente estado de flutuação, de sorriso crivado nos lábios, de pupilas dilatadas. Em vez de deixarmos o abraço dos corpos fluir num só, receamos tudo, que nos rejeitem, que nos abandonem, que voltemos a sofrer como nos prometemos que nunca mais voltaríamos a sê-lo. Tapamos o encantamento, sufocamos a ternura, congelamos o coração até este entrar em hipotermia…será genético, será congénito, será aprendido, terá explicação científica, terá alguma explicação sequer?
Sonhamos tanto, queremos tanto ser felizes, que quando o sonho e/ou a felicidade estão tão próximos, chegando mesmo a sentir a sua respiração quente na nossa nuca, recuamos, tropeçamos nos nossos próprios pés, preferimos virar costas e continuar a sonhar os mesmos sonhos. Queremos acreditar que estes não acontecem, que são matéria gasosa altamente volátil, que não têm cheiro, nem forma, nem cor, desejamos fervorosamente porque acreditamos que nada daquilo se realiza…mas realiza-se quando encontramos alguém especial, quando alguém nos toca profundamente, quando o sonho se materializa num voz, num beijo, num abraço e estamos de mãos dadas com a felicidade. E nesse mesmo momento, em que temos tudo o que desejámos, preferimos perder tudo a ter de sentir algo que sai fora do nosso controlo.
Por isso, fechemos o nosso coração num cofre, continuemos a sonhar os mesmos sonhos, a acreditar na sua impossibilidade, abdiquemos da felicidade em detrimento de satisfações momentâneas, renunciemos a um amor que nos quer algemar e fazer felizes! Voltemos ao nosso caminho do nada, do pára arranca, de rosto fechado num sorriso encerrado, com o travo amargo na boca de que poderíamos ter sido tão felizes…


のぞくトム

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