Quase

Ainda pior que a convicção do não, é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo o que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no Outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna.
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "bom-dia", quase que sussurrados.
Sobra cobardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor. Mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no 'meio termo', o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão, para os fracassos, chance, para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planeando, vivendo que esperando!
Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.»
Não deixemos que os QUASE nos impeçam de viver a vida plenamente! Eu sei, melhor do que imaginam, que é mais fácil dizer que fazer, mas agir é preciso e são as consequências das nossas acções que nos fazem crescer e avançar.

Luis Fernando Veríssimo

São ao sol

Invejo-te quase todos os dias, admiro-te dia sim dia não, parece que a inveja supera infantilmente a admiração, mas tu sabes, porque tu és daquelas pessoas que sabe (por conheceres tão bem a essência humana), que a minha inveja é humanamente pura. Tiveste a coragem que me falta de todas as vezes que quero sair de mim e conhecer o mundo que está para lá destas quatro paredes a que me confinei, por isso sabes que a minha inveja é doce, sem maldade.
Os teus postais enchem-me de vida, provocam-me sorrisos múltiplos que me dão anima ao rosto, viajo contigo ao ritmo das tuas palavras, que falam de gentes simples mas felizes, de vidas complicadas, amordaçadas pela aridez da terra mas que te têm recebido de braços abertos. Não duvidei por um segundo sequer que não te entranhasses na alma das gentes dessa terra morna, por que tu és daquelas pessoas que, por conhecer tão bem a condição humana, consegue ser suficiente ágil para chegar a todo o lado, a qualquer coração.
Tenho vontade de ir ter contigo, resgatar-me desta abundância que sabe a pouco, sei que não poderia ficar ai muito tempo, mas o pouco que ficasse seria tónico para alma, efervescência para a mente, tão aturdida pelos dias monocromáticos. Quero conhecer todos os metros quadrados de gentes que já conheceste, falar contigo até horas proibidas sobre todas as tuas sensações, emoções e outras quejandas que esse país te ofereceu de graça, levantando a cortina de nevoeiro espesso que levaste contigo (já nem falas das gentes daqui que te provocaram tanto amargo de boca!!!). Quero sentir o pó da terra seca por debaixo dos pés, estar de corpo aberto no espaço, vestir-me de mar, de vento e de sol, e ser, por momentos, aquilo que com toda a minha mais humana pureza te inveja!

P.S.: Recebes-me?


のぞくトム

(Voyeurs)

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(As time goes by)