Equação de 2º grau

Escrevo um poema,
dilatado, frívolo,
sem freio, nem rédea,
expurgado pelo suor,
que nada quer dizer.

Cravo o meu corpo ao chão,
para não cair,
para não enlouquecer,
para calibrar o equilíbrio.

Sei-me menor do que sou,
em pausa,
interrompida pelo medo,
descontinuada pela inércia.

Mas resgato-me,
revolto-me,
ergo-me da poeira!
E apago o perfil que me traçaram,
lambo o lastro de sal deixado na pele,
e aperto os lábios com um sorriso.

Reinvento-me
a cada passo que dou,
contorno o medo
e contrario a dormência.

Reconstruo-me
do barro da laje que piso,
numa ida sem volta,
num acenar sem mão,
num seguir sem olhar para trás!

E liberto as asas para voltar a voar…
E adormeço a noite para voltar a sonhar…
E oxigeno o coração para voltar a amar…

2 Responses to “Equação de 2º grau”

  1. # Anonymous Anónimo

    Provavelmente o poema mais lindo que já tive o prazer de ler...  

  2. # Blogger Sandro

    E ser amado por ti, é cair num sonho em que posso voar, em que todo o impossível não tem nexo, em que tudo o que é feio, ganha tons de azul-cor-de-mar, de laranja-cor-de-fim-de-tarde...
    Reinventa-te sempre. Reconstroi-te em algo cada vez mais puro e melhor...
    Mas não te esqueças, já no momento que vives agora, eu te gosto.

    Beijo bom...  

Enviar um comentário

のぞくトム

(Voyeurs)

Free Web Site Counter

時間が過ぎるように

(As time goes by)