Soco

Mais um risco no teu vinil.
Mais um quarto escuro, transpirado.
Mais um poema falso,
desmaiado na rima,
destoado no ritmo
desencontrado na forma.

Ultima-se o último momento
num passo interrompido,
num adeus sem mão,
num golo de água salobra,
num bocejo taciturno.

Mais um poema falso,
oco,
de versos estripados,
humedecido pela língua,
embebido em escuridão

[Sou]

Saco de areia grossa que se esmurra.
Gato em gaiola de pássaro.
Beijo sangrado,
estancado pelo soco.

[És]

Pulso encurralado no rosto.
Sorriso escurecido nos olhos.
Palavras amarrotadas nos lábios.

[Somos]

Tempo que enruga a pele.
Esporas que rasgam a voz.
Poesia fácil, estéril.
Freio que encerra a boca.
Palavra esventrada entre os dedos.
Momento que se quer último,
em quarto minguante.

[Nunca fomos!]

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