O meu arco-íris

Desenhei um arco-íris no céu, com todas as suas cores a estoirarem, deitei-me de barriga para cima, na relva do jardim de fronte à minha casa e deixei-me ficar assim, deitada no fresco, a sentir o odor a terra húmida e a relva cortada. Há muito que não me sentia tão tranquila, o nó na garganta soltou-se e a solidão deixou de ser uma afronta, tornou-se um recanto necessário e incontornável, aprendi a aceitar que não temos de estar rodeados de gente para nos sentirmos acompanhados. E sinto-me cheia de muito mesmo sem estar rodeada, contento-me com uma multidão anónima, como esta que me olha atónita, de rostos enfiados em guarda-chuvas pretos e corpos pendurados em gabardinas cinzentas, sorrio perante o seu ar de espanto, não percebem o que faço por debaixo daquele arco-íris desenhado por mim a lápis de cor, deitada de costas na relva do jardim de fronte à minha casa, talvez porque apenas vêem a chuva enquanto eu apenas vejo o meu arco-íris.

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