Sinto uma estranha sensação de final feliz colada à pele, impressa na mente, que não me larga nem por um minuto, que me tranquiliza, que faz adormecer a inquietude e que deixa o pensamento ir na pendura de um sorriso, sem ter de conduzir num frenesim de dúvidas e angústias.
A minha vida nos últimos anos tem-se mastigado a si própria, tem vindo a perder progressivamente o sabor, os maxilares estão à beira das exaustão, mas como autómatos, continuam a mastigar num vazio de paladares. A língua cola-se ao palato na rotina dos dias, estes pouco variam entre si, tornaram-se monocórdicos, daltónicos, e como que num circuito fechado, as vinte e quatro horas vão-se sobrepondo às seguintes numa harmoniosa monotonia.
Enjaulei-me atrás das grades, que não são mais do que os rituais de todos os dias, uma espécie de mesmice enfandonha. Rituais bárbaros por serem tão iguais a si próprios, altamente mecanizados, o vir para o trabalho, o acelera, trava, arranca, a distracção momentânea no retrovisor, o som profuso de uma buzina, arranca-se novamente…mas arranca-se para onde?, este aqui não é certamente o meu final feliz, porque em nada se assemelha aos meus sonhos ou desejos.
Mas ao mesmo tempo que não consigo desligar-me do meu idealismo (imberbe acusam uns, puro contraponho!), a vida encarregou-se de me distanciar do meu mundo onírico. Vivo num pungente estado de ambivalência, entre o despojamento, vivendo apenas de sol e sal na pele e o aceitar os ditames de uma vida feita de linhas rectas, sem desvios e abundante em clichés.
A versão de mim que me tricota este longo cachecol de lugares comuns que pertencem a todos os outros menos a mim, vai-me afogando lentamente. Mas esta é, sem dúvida, a versão de mim mais resistente, comparável a erva daninha que nasce, cresce e multiplica-se por todo o lado e por mais voltas que a vida dê, acabo sempre por viver aquilo que nunca desejei viver. E quem mais culpada do que eu por me ter conduzido até sonhos e desejos alheios, até becos e ruas sem inversão de marcha, quem mais se não eu, euzinha!
Os dias de sol vão-me valendo, como também os meus sonhos infantis e os projectos de castelos no ar, e rabisco aqui e ali, e pincelo de azul o céu mesclado, e vou mascando esta pastilha elástica sem sabor, sem cor, amordaçando a voz. Mas, apesar desta mastigação sem degustação, sobrevive-me este sorriso de final feliz, que insiste em não me largar.
A minha vida nos últimos anos tem-se mastigado a si própria, tem vindo a perder progressivamente o sabor, os maxilares estão à beira das exaustão, mas como autómatos, continuam a mastigar num vazio de paladares. A língua cola-se ao palato na rotina dos dias, estes pouco variam entre si, tornaram-se monocórdicos, daltónicos, e como que num circuito fechado, as vinte e quatro horas vão-se sobrepondo às seguintes numa harmoniosa monotonia.
Enjaulei-me atrás das grades, que não são mais do que os rituais de todos os dias, uma espécie de mesmice enfandonha. Rituais bárbaros por serem tão iguais a si próprios, altamente mecanizados, o vir para o trabalho, o acelera, trava, arranca, a distracção momentânea no retrovisor, o som profuso de uma buzina, arranca-se novamente…mas arranca-se para onde?, este aqui não é certamente o meu final feliz, porque em nada se assemelha aos meus sonhos ou desejos.
Mas ao mesmo tempo que não consigo desligar-me do meu idealismo (imberbe acusam uns, puro contraponho!), a vida encarregou-se de me distanciar do meu mundo onírico. Vivo num pungente estado de ambivalência, entre o despojamento, vivendo apenas de sol e sal na pele e o aceitar os ditames de uma vida feita de linhas rectas, sem desvios e abundante em clichés.
A versão de mim que me tricota este longo cachecol de lugares comuns que pertencem a todos os outros menos a mim, vai-me afogando lentamente. Mas esta é, sem dúvida, a versão de mim mais resistente, comparável a erva daninha que nasce, cresce e multiplica-se por todo o lado e por mais voltas que a vida dê, acabo sempre por viver aquilo que nunca desejei viver. E quem mais culpada do que eu por me ter conduzido até sonhos e desejos alheios, até becos e ruas sem inversão de marcha, quem mais se não eu, euzinha!
Os dias de sol vão-me valendo, como também os meus sonhos infantis e os projectos de castelos no ar, e rabisco aqui e ali, e pincelo de azul o céu mesclado, e vou mascando esta pastilha elástica sem sabor, sem cor, amordaçando a voz. Mas, apesar desta mastigação sem degustação, sobrevive-me este sorriso de final feliz, que insiste em não me largar.
"E quem mais culpada do que eu por me ter conduzido até sonhos e desejos alheios, até becos e ruas sem inversão de marcha, quem mais se não eu, euzinha!"
É te "tuzinha" que eu gosto mesmo.
Muito, apesar dos tempos mais recentes poderem apontar para um certo desfazamento deste sentir-te... mas não! Gosto te "tuzinha" sim.
E, talvez porque não me ausento deste meu fantasiar exarcebado, adivinho-te um final feliz sim.. de cores vivas, e raios quentes de sol... Como mereces!
Beijo minha pequenina!