Sais fora do meu controlo, deslizas por entre as minhas garras como gelo que resvala pelo carril do meu peito, reservo-nos uma certa distância, aquela distância, porque as minhas mãos foram feitas para prender e não para largar.
Contenho-me em te abraçar, em beijar esses lábios que nunca provei, mas comprimo-me, deixo-me ficar assim, a contemplar-te, a devorar timidamente cada traço do teu rosto, a saborear cada paladar do teu corpo, e imagino que as tuas axilas cheiram a maresia e o teu hálito a caramelo, que acordas a sorrir, que me abraças sem razão, que me dás a metade do meu beijo.
Prefiro manter-te assim, inacessível, apenas apetecível à minha imaginação, porque as minhas mãos foram feitas para agarrar e não para soltar. Gosto da forma como me olhas, sabes que te quero queimando por dentro e por fora, mas tu não ateias, nem apagas, e deixas-me estar neste banho-maria de incêndio sem combustão, de desejo sem sudação.
E o teu olhar transforma-se em língua que me lambe a pele, em saliva que me humedece a nuca, enquanto me olhas mastigas os dentes, contrais o maxilar, torno-me presa e tu predador, sou sangue e carne prestes a ser dilacerada, sou desejo na iminência de ser devorado, mas afastas-me, recolhes-te nos teus braços e devolves-te as tuas mãos, porque estas apenas foram feitas para soltar e não para agarrar...
Contenho-me em te abraçar, em beijar esses lábios que nunca provei, mas comprimo-me, deixo-me ficar assim, a contemplar-te, a devorar timidamente cada traço do teu rosto, a saborear cada paladar do teu corpo, e imagino que as tuas axilas cheiram a maresia e o teu hálito a caramelo, que acordas a sorrir, que me abraças sem razão, que me dás a metade do meu beijo.
Prefiro manter-te assim, inacessível, apenas apetecível à minha imaginação, porque as minhas mãos foram feitas para agarrar e não para soltar. Gosto da forma como me olhas, sabes que te quero queimando por dentro e por fora, mas tu não ateias, nem apagas, e deixas-me estar neste banho-maria de incêndio sem combustão, de desejo sem sudação.
E o teu olhar transforma-se em língua que me lambe a pele, em saliva que me humedece a nuca, enquanto me olhas mastigas os dentes, contrais o maxilar, torno-me presa e tu predador, sou sangue e carne prestes a ser dilacerada, sou desejo na iminência de ser devorado, mas afastas-me, recolhes-te nos teus braços e devolves-te as tuas mãos, porque estas apenas foram feitas para soltar e não para agarrar...
Excelente metáfora da preservação do possível em meios aos nossos desejos de impossível... :)
Por vezes não nos resta senão guardar algo internamente, e esperar pelas reviravoltas e passos de vida.
No entanto, é o desejo, a vontade, o querer o outro, que dizem às mãos como agir... E um dia as mãos que foram feitas para soltar, agarram para não largar mais. Porque há sempre um dia assim...