Beleza de mim

Beleza de mim, que exalta cheiro a cal, dias que passam e que nunca chegam a terminar, dias que se esquecem da inocência, dias com sabor a noite, dias que correm sem sair do mesmo sítio, o carrossel continua a girar sob o mesmo epicentro, nada muda, a pele que não amarrota e o sorriso que não engelha. Exalto amor sem amar, exalto-te a ti sem te conhecer, beleza de mim, esquecida numa arca velha, guardada debaixo de um capacho. Escuto o violino que se conduz entre graves e agudos, tropeço numa palavra que não rima, nada parece rimar, as palavras parecem-se com caracteres orientais, descodifico-me no espelho, que me reflecte, sem brilho, sem altivez, natural como uma represa que absorve as águas da chuva.
Beleza que se esconde de mim, que me foge entre os dedos, beleza que me embala, quero apenas sonhar os dias, terminá-lo com pinceladas de azul, na voz metálica do violino, quero a beleza de mim, num cheiro que exalte a cal.

1 Responses to “Beleza de mim”

  1. # Anonymous Anónimo

    A nossa alma gémea ando por aí... Mesmo que não a vejamos, sentimo-la tão bem como as farpas da saudade. Muito bom. Continua que tens fãs. Aquele abraço  

Enviar um comentário

のぞくトム

(Voyeurs)

Free Web Site Counter

時間が過ぎるように

(As time goes by)