Missionárias

Eu e a minha amiga, cujo nome não vou colocar aqui, nem sequer usar um fictício, costumamos falar muitas vezes de amor, da nossa forma de amar, da nossa forma de encarar as situações, as relações e todos os possíveis tópicos, que são quase infinitos, relacionados com o universo amoroso.
A nossa forma de amar é, sem dúvida, um reflexo daquilo que somos, se duvidamos de nós, permitimos que a relação se torne desnivelada, achamos sempre que gostamos mais do que gostam de nós, há quem diga que só nos devemos relacionar afectivamente com pessoas que gostem mais de nós do que nós dela, talvez sim, mas muito mais talvez não! Não podemos ter a pretensão de controlarmos os afectos, de racionalizarmos aquilo que está a ser vaticinado pelas emoções, há que apenas sentir e deixar o sentimento fluir naturalmente, sem travões, sem hesitações, sem contenções, e se sofrermos, e se batermos com a cabeça e chegarmos à conclusão de que foi uma derrota, mais uma, o que interessa é que sentimos, que gostámos, o suficiente ou nem isso, porque tudo é preferível à masmorra da solidão, à condição de quem ninguém nos fará sofrer, porque assim também nunca ninguém nos fará feliz. Qualquer risco de sofrer é aceitável quando está em jogo a nossa felicidade, só seremos feliz se aceitarmos que a inevitabilidade de sofrer faz parte das regras do jogo. E que jogo!
Complicamos, sem dúvida, mas nem sempre os sentimentos são assim tão lineares ou decifráveis, aparecem-nos numa forma subliminar e cabe-nos inferir aquilo que estamos a sentir, há também quem diga que nos apaixonamos pela paixão, pela ilusão que criamos em torno do alvo do nosso afecto, que nos apaixonamos pelo vontade de ter alguém ao nosso lado e que, depois de muito palmilhar (e de se ter beijado muitos sapos), finalmente se encontrou a cara metade. Mas também por vezes apaixonamo-nos por aquela pessoa, não pela paixão, nem pela ilusão, mas simplesmente pela pópria pessoa! Talvez não nos apaixonemos verdadeiramente mais vezes por várias razões: porque fisiologicamente é muito desgastante, porque essencialmente andamos desencontrados uns dos outros ou ainda porque o Cupido que nos foi destinado não prima pelo profissionalismo ou simplesmente porque não tivemos sorte…
Os amores não são descartáveis, desgastam-nos e quando partem levam uma boa soma de nós, não é fácil voltar a amar depois de ter amado intensamente, mas cada um tem o seu período de luto, há quem apenas tenha que carpir umas semanas, outros levam anos, mas é garantido que não amamos uma só vez na vida, isso é um mito a desmistificador, amamos várias vezes apenas nunca amamos da mesma maneira. O facto de irmos mudando ao longo da vida, faz com que a nossa forma de amar também mude, e aceitar a mudança passa, antes de mais, por aceitarmos o nosso caminho, mesmo que seja diferente do de todos os outros ou mesmo que vá contra as nossas convenções, seguir atalhos quando assim for necessário, mas temos que nos aceitar para conseguirmos aceitar um amor maior!
Bom, citando a minha amiga, já chega de lamechices!!!

1 Responses to “Missionárias”

  1. # Blogger Sandro

    Tão complicado que pode ser o amor...  

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