Tensão

Silêncio que se escapa da voz,
sem ressonância,
sem encore.
Sangue que flúi amorfo,
sem ritmo, insípido.

Sei que não é de dia
pela ausência de luz,
pelo suor do basalto,
pelas costas voltadas
que me acenam adeus!

Nesta noite desfocada,
de contornos invisíveis,
nada tem nome,
tudo se sublima
num vazio estridente.

E perco-me no meu interior,
sou rufar húmido do tambor,
latido dorido do abandono,
barro liquefeito
que se molda sem forma.

Caminho nua,
no arame em tensão,
o corpo avança
mas os pés recuam…
E mesmo assim prefiro a queda
ao conforto oco,
à acomodação gélida,
às vozes dos outros
que amordaçam a minha.

Deixo o asfalto rasgar-me a pele,
queimar-me a roupa,
ensopar-me o corpo.
E cada lágrima entornada,
cada queda consentida,
é passo que dou,
desalinhado,
descoordenado,
mas que não deixa de ser caminho…

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